quinta-feira

S&J

três vultos no chão, em plena cidade.
ao longe o som da água que sai em repuxo da fonte
(não, não nos vamos levantar, continuemos rindo de nada).
bicicletas e skates magoam-nos os ouvidos com o seu barulho, transmitido pelo solo.
pessoas olham. amigos gozam. que estamos deitamos, os três, de mãos dadas, sentindo o chão,
rindo.
tu, ao meu lado, tão loira, tão bonita. ele, tisnado e português.
quero abraçar-vos.
três vultos abraçando o solo e o mundo é nosso. (e dos fantasmas na nossa cabeça.)
os meus caracóis varrendo o chão de um mundo que ainda nos pertence, simples.
evoco-nos.
que os fantasmas vos saem pelo corpo e eu não vos posso abraçar. (no fim, não vos abracei.)

evoco-nos, inocentes como éramos, como somos,
os três abraçando o solo perante olhares incrédulos, o sol de início de primavera acariciando-nos o rosto, magoando-nos os olhos.
os três rindo, colados ao chão.
tentando não cair.

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