Está sozinha a Margarida, morta e fria há muito tempo. Já não tem pele, a Margarida, mais nua e transparente não podia estar. Tem as pestanas espessas e imagino-lhe uma cara bonita e expressiva, magra, muito magra , devido aos músculos pequenos que apresenta. Tem normalmente os olhos fechados, vermelhos, a menos que alguém os abra, e, infelizmente, o lábio foi desfeito pela curiosidade excessiva de alguém…
Imagino-lhe uma história de vida bonita, cortada pela doença, enquanto lhe observo as veias e os músculos e os nervos de mais de meio metro. É uma alegoria da vida, a Margarida, um cadáver, não adiado nem a procriar, e igualmente exposto à brutidão do mundo exterior.
Muito sofre a Margarida, nem as partes vergonhosas tem cobertas, seios já não os tem, apenas costelas e carne a cobrir. Terá tido filhos, amantes? Um emprego? E como foi parar a uma sala de estudo?
1 comentário:
Eu toquei na Margarida.
Não de forma marota, entenda-se.
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