sábado

Oldies

Retrato da criança loira
Que não fui.
Criança cujo sorriso me doira
As horas.
E espalha a nostalgia de um passado
Que não existiu.

E brinca, a criança loira,
Brinca na eternidade,
Sorri-me, demoradamente,
Naquele riso infantil
Que nada mais deixa que saudade.

Quem és, criança dourada,
Cujo nome é o meu?
Criança, de mim tão distante o destino teu,
Nessa foto imortalizada.
Foste sonho, ser de quimeras feitos?
Somente passado?
Ou futuro?
És aquela saudade de não ser que ainda dói
No peito?

Está feliz a criança loira,
E feliz, brinca, sentada no chão,
De azul está vestida,
O universo tem na mão.
E me perturbas, pequena infanta,
Com teu riso que ainda não viu a Primavera
Com teu olhar, de reprovação, no tempo congelado,
De minhas falhas à espera.

Sei que me aguarda, a criança loira,
Para lá de um rio de fogo,
E me abraçará, a criança loira,
Cujo sorriso minhas noites doira,
E serei ela de novo.



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