sábado

Volta, Vian

É o fim, caro amigo. Fim de nada, que nada houve senão nós, que ainda não acabámos, como comprovo quando dou a mão ao fantasma que és, do qual nunca passaste, espectro que criei numa procura alimentada pelo devaneio de alma que sou.

Ainda assim é o fim, caro amigo, doce amigo, fim da história que nunca ninguém cantará, que ninguém dela sabe senão nós, que não cantamos coisas que não existiram.

O tempo acabou. Lembras-te do início? Não?, então bebamos, criemos a memória do inicio que não houve. [ou bebamos para esquecer que o houve.]

Abres a porta e vais-te, magoado, mudo, deixas-me sozinha com a saudade que não é mais que memória de nada personificada em dor.

E limpo as lágrimas ao meu vestido negro, sempre negro, esperando o teu regresso que não chega, enquanto a memória se desvanece e o teu nome é esquecido.

[Não, não me movo, não te procuro, não te segurarei mais nos braços, é o fim.]

Sibylle Bayer e Sylvia Plath, deusas minhas.

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